Como tudo começou
Um projeto familiar numa paixão imensa pela arte de criar bem, com amor e com foco no bem-estar animal em todos os sentidos.
O ínicio
Desde que nasci que os meus pais - ambos engenheiros agrónomos - tiveram a clarividência de que uma vida mais centrada na natureza seria uma vida mais saudável. Portanto, desde tenra idade que a nossa vida teve esta quinta maravilhosa como pano de fundo. E também desde cedo - desde os meus dois anos - que os cães se tornaram parte fundamental do meu crescimento.
Começamos por ter Cão da Serra da Estrela de pêlo comprido - lembro-me de uma conexão especial com um macho chamado Lanudo - e de pêlo curto. Muitos cães sem raça definida, uma Boxer extraordinária chamada Fox e tantos outros que sempre me ocuparam os tempos livres, que me ensinaram a amar e que com todos criei laços tão estreitos.
O primeiro Cocker
Foi por volta dos meus 8 anos que chegou à quinta o primeiro Cocker Spaniel Inglês. Queríamos um cão de porte médio, que pudesse andar solto connosco sem fazer tantos estragos na horta.
O Lucky era definitivamente um cão especial. Atento, companheiro, inteligente. Ele foi início de uma jornada na raça que dura até aos dias de hoje. Rapidamente a paixão pela raça cresceu e chegaram o Diazé (um macho preto e tan), a Guita (uma fêmea dourada), a Punky (uma femea preta), a Mika (a nossa primeira azul ruão e tan), a Nala, o Soba… Havia qualquer coisa na raça que me apaixonava e eu não sabia identificar bem o quê, para além do temperamento e daquela estrutura compacta, robusta e, ao mesmo tempo, tão elegante.
À medida que ia crescendo, a curiosidade também. Seguiu-se uma fase intensa de investigação. Ler sobre a raça, comprar livro atrás de livro, procurar encontrar outros cães, conhecer criadores, viajar. E um mundo novo se abriu para mim.
Hoje, e duas décadas depois, a compreensão da raça é completamente diferente e muito mais aprofundada. Agora sou mais crítica em tudo, olhando para todos os pormenores, tentando cumprir e preservar o estalão da raça em cada cruzamento que idealizo.
A consciência de que o caminho para o melhoramento é longo e constante, a humildade de perceber que ainda há sempre mais a aprender e coisas a fazer está sempre comigo. Mas a ideia de trabalho de futuro - consistente - de procura de melhor, de aprender e evoluir de forma justa e ponderada, juntamente com o amor e a paixão pela raça, são fatores que me entusiasmam e aquilo que me move em toda esta viagem na canicultura.
A paixão pelo Beagle
Foi muitos anos mais tarde que a paixão pelo Beagle começou. Por puro acaso e sem qualquer intenção. O meu companheiro da altura chegou a casa com um Beagle. Eu sabia que havia interesse na raça e, sabendo ele que eu estava dentro da canicultura, achei que ia ser consultada. Estava enganada. Num dia normal de trabalho, sou surpreendida com um Beagle de três meses - o Chuck! E a verdade é que mal sabia eu o quanto me viria a apaixonar por este cão em particular, pelo temperamento, pelo feitio teimoso, pela independência.
Em toda a minha vida, sempre funcionei como um íman para qualquer cão. Sempre tive muita facilidade em conectar-me com eles, em percebê-los e criar laços. Quase sem me esforçar, todos os cães me procuraram, se afeiçoaram a mim. Pois este Beagle… deixou-me desconcertada. Ele não queria saber de mim e eu tive de me esforçar para o encantar.
Começou novamente a investigação! O que é um Beagle, qual a origem e a história da raça, como são ou como é suposto serem, o que precisam para ser felizes, crescerem de forma equilibrada e saudável. Tudo era novo e chegou novamente a época dos livros, dos vídeos, dos artigos, do standard. Se para um Beagle era importante correr, perseguir, cheirar… assim o fiz. Em incontáveis passeios, o Chuck - Captain of my Soul - tornou-se o meu melhor companheiro. Desde Portugal, Malta ou Sicília, quando penso numa aventura é ele que elejo para me acompanhar.
E eu que sempre gostei de serra, de campo, de montanha, encontrei nele a melhor companhia. Presente sem ser impositivo, independente mas atento. Ele percebeu que se me seguisse, iria sempre resultar em óptimas experiências e assim se iniciou aquela que é, até hoje, a relação mais bonita que tenho com um cão. Esta raça tão especial, que comunica só com o olhar, que amua, que é teimosa e que me preenche de todas as formas. Foi ele a razão pela qual me apaixonei pela raça e que hoje amo tanto. O meu querido Chuck.